"Estamos reunidos em Roma para honrar a visão daqueles que vieram antes de nós e ousaram criar uma coligação de boa vontade entre distintas universidades parceiras, diversas na sua missão e realidade, unidas na busca do conhecimento e no compromisso com o avanço da ciência e da educação", destacou a Reitora da Universidade Católica Portuguesa e Presidente da Federação Internacional das Universidades Católicas (IFCU), Isabel Capeloa Gil, na celebração do centenário da IFCU.
Segundo a primeira mulher presidente da Federação, "a criação da IFCU em 1924 é um marco no compromisso do fomento do crescimento intelectual e espiritual à escala global", para promover "o diálogo, o intercâmbio e a cooperação entre as universidades católicas de todo o mundo e criar um paradigma para a paz".
Definida como "global, colegial e uma reconhecida plataforma de diplomacia académica, a Federação construiu uma reputação como uma voz chave na defesa do ensino superior católico e é reconhecida na Constituição Apostólica ExCorde Ecclesdiae pelo seu papel específico (EC, 35)", comentou Isabel Capeloa Gil.
Durante 100 anos, "a IFCU tem servido como plataforma para a partilha das melhores práticas, alimentando um sentido de solidariedade global, fomentando a criação e o desenvolvimento de associações regionais (na Europa, América do Norte e do Sul, África e Ásia) e trabalhando com estas no compromisso conjunto da procura da verdade e da sabedoria", salientou a Presidente.
A IFCU também "se dedica a promover a justiça social, reflectida nos seus esforços para enfrentar os desafios globais, e a inclusão entre os seus mais de 240 membros", e "tem sido fundamental na promoção do diálogo intercultural, reconhecendo a importância de compreender e apreciar as diferentes vozes. É por isso que o nosso Plano de Desenvolvimento Estratégico, que está a evoluir desde 2018, se designa 'Uma Voz Global para um Futuro Comum'", sublinhou Isabel Capeloa Gil.
No entanto, à medida que o tempo muda, surgem novos desafios, e a Reitora da Universidade Católica destacou os 4 mais importantes. O primeiro é uma questão cultural, ligada a "uma crise de valores religiosos, particularmente nas sociedades ocidentais e no Norte global"; o segundo é o stress financeiro, expresso na "queda do recrutamento, na diminuição do financiamento público e na incapacidade de inspirar os doadores".
O terceiro desafio é provocado pela "crise da verdade e da confiança, com a inteligência artificial generativa a provocar manipulações, deep fakes e, adicionalmente, uma crescente crítica da ciência baseada em evidências na sequência da pandemia da COVID-19". E, por último, "a disrupção do emprego de valor acrescentado".
Confrontada com estes desafios, Isabel Capeloa Gil sublinha a proposta de valor da universidade católica como "estruturada em torno da defesa inalienável da dignidade, humana e do planeta". A Reitora afirma que: "Somos lugares de desconforto porque o objetivo aspiracional deriva da insatisfação, como disse o Papa Francisco aos estudantes reunidos na Universidade Católica Portuguesa por ocasião das JMJ. Insatisfação perante a desigualdade, a iniquidade, o desfiguramento e o abuso."