Conferência da EWORA debate liderança feminina no meio académico

Conferência EWORA na Universidade Católica Portuguesa.

Promover a paridade de género na liderança das universidades; ter lideranças seniores com valores académicos e democráticos, alinhados com os direitos humanos e com impacto social; alargar a comunidade de líderes femininas a nível internacional; reforçar os programas de mentoria para as jovens estudantes e futuras líderes; estimular o networking, incluindo com associações de mulheres de áreas além da académica; e reunir dados que orientem a ação e mostrem o impacto das lideranças femininas.

Estas foram algumas das respostas encontradas na conferência da European Women Rectores Association (EWORA) que decorreu a 26 e 27 de junho na sede da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, e que tinha como tema “A Igualdade de Género na Academia é Frágil: Será a Liderança Orientada por Valores a Resposta?”

Reunindo reitoras, vice-reitoras, investigadoras e parceiros académicos, a conferência da EWORA, incluiu diversas intervenções sobre tópicos como o impacto da inteligência artificial no meio académico e na liderança feminina e a disparidade de género nos cargos de liderança, na investigação e na tomada de decisões nas universidades da Europa, entre outros.

“Temos de usar o nosso conhecimento e potencial coletivos para apoiar, explicar e ajudar a encontrar caminhos adequados”, de modo a fortalecer a comunidade e acolher as novas gerações de líderes nas universidades, defendeu a vice-reitora da Medical University of Łódź, Lucyna Woźniak, na última sessão dedicada ao tema "Olhar em frente em tempos difíceis: conferência de encerramento e considerações finais" e na qual participaram todas as diretoras do board da associação.

Já para a presidente da associação e antiga vice-reitora da Universidade de Malmö, Kerstin Tham, é essencial “definir os valores de forma muito cuidadosa e o que realmente significam” assegurando “uma liderança responsável para a sociedade”.

Quanto à Reitora da Universidade Católica Portuguesa, Isabel Capeloa Gil, fez uma nova leitura do tema da conferência. “Não existe liderança orientada por valores sem se considerar o género como um fundamento básico, como algo que lhe é subjacente, e não como algo que possa ser adicionado”, argumentou, frisando que só assim se consegue uma liderança inclusiva, diversa e igualitária.

Para Isabel Capeloa Gil tem de se diversificar os percursos académicos, implementar novos modelos de progressão e de acesso à liderança nas universidades e criar parcerias para treino e programas de mentoria que captem desde cedo as jovens estudantes com potencial para ser líderes, que as inspirem e que as preparem para a liderança.

A mesma conclusão apontou a reitora da Mykolas Romeris University, Inga Žalėnienė, para quem a resposta colocada no tema da conferência é clara: “a liderança orientada por valores é o fundamento da resiliência no ensino superior. Mas também é muito frágil, exposta à erosão e tem de ser ativamente protegida e nutrida”. Ainda assim, “frágil não significa fraco, significa algo valioso, que somos responsáveis por proteger juntas”, apelou.

Analisando a atualidade, Inga Žalėnienė lembra que “a liberdade académica está sob pressão” e que “a liderança não é um título, é um ato de coragem”. Por isso considera que “as mulheres líderes são essenciais não só por uma questão de justiça e representação, mas também para haver melhores decisões, governação ética e comunidades mais fortes”.

A fechar este último painel, a antiga diretora e vice-reitora da Glasgow Caledonian University, Pamela Gillies acentuou a relevância de trabalhar de uma forma colaborativa e cooperativa e de incentivar a liderança universitária jovem. “Os jovens de hoje podem ser os líderes de agora se lhes dermos essa oportunidade”, concluiu.