Católica assina acordo Rome Call, para uma abordagem ética à Inteligência Artificial

Católica assina acordo Rome Call, para uma abordagem ética à Inteligência Artificial

A Universidade Católica Portuguesa organizou, no passado dia 4 de fevereiro, o Rome Call: AI Ethics The Way Ahead, um encontro internacional que culminou na assinatura do documento Rome Call, desenvolvido pela Pontifícia Academia para a Vida, a Microsoft, a IBM, a FAO e o Ministério da Inovação italiano.

Na abertura do encontro, Isabel Capeloa Gil, Reitora da Universidade Católica Portuguesa afirmou que “os desenvolvimentos patentes no âmbito da inteligência artificial afetam a forma como ensinamos, o currículo, o nosso relacionamento com os estudantes, a relação interpessoal, mas também os modelos de gestão universitária, a forma como gerimos as pessoas, como gerimos a nossa atividade”.

O acordo assinado entre a Católica e a Pontífica Academia para a Vida “é um guia e uma orientação para aquilo que será necessariamente algo que faz parte da nossa missão”, para “um futuro que queremos que seja de maior desenvolvimento para a Humanidade”, resumiu Isabel Capeloa Gil.

Também para o Arcebispo Vicenzo Paglia, Presidente da Pontífica Academia para a Vida, a ética deve acompanhar todo o ciclo de desenho e produção de tecnologia, desde o momento em que escolhemos em que projetos investir.

Nesta ótica, introduz a ideia de “Algorética contra Algocracia”, defendendo que a ética também tem de estar associada à criação de algoritmos. “O conceito de Algorética destaca a importância do laço entre a técnica e a ética para um desenvolvimento humano que seja digno da Humanidade”, sublinha Vicenzo Paglia, reforçando ainda que a ROME CALL pretende contribuir para “humanizar a técnica e não tecnologizar o homem”.

A cerimónia de assinatura da carta contou também com uma palestra do professor do Instituto Superior Técnico Arlindo Oliveira, na qual apontou a importância de se pensar a ética da inteligência artificial. “Qualquer tecnologia levanta questões éticas significativas”, assumiu, exemplificando com máquina a vapor, a eletricidade ou a energia nuclear. Porém, “talvez a inteligência artificial levante mais por ser uma tecnologia tão poderosa” e porque, como tal, “levanta riscos”.

Protagonizada por representantes da Cisco, IBM e Microsoft, também signatárias do documento, houve ainda uma mesa-redonda, moderada por William Hasselberger, director do Digital Ethics Lab.

Lara Tropa, da IBM, frisou que a tecnologia deve “estar ao serviço do ser humano. E a inteligência artificial vai estar ao serviço do ser humano para aumentar e contribuir para que a sua vida seja melhor. Vai aumentar a inteligência humana”.

Miguel Almeida, da Cisco, defendeu que “a tecnologia tem de estar disponível para toda a gente, ao mesmo nível” de modo a potenciar a inclusão. E deve olhar-se para o desenvolvimento da inteligência artificial como um processo positivo e uma responsabilidade coletiva.

E para Abel Aguiar, da Microsoft, “a inteligência artificial só faz sentido se for um mecanismo intrínseco de amplificação da capacidade humana”, que traz mais eficiência e capacidade de resolver problemas complexos, cabendo ao ser humano assegurar que é usada “como uma ferramenta e não como uma arma”.

No discurso de fecho do evento, o Magno Chanceler da Católica, D. Rui Valério, sublinhou que “a inteligência artificial está ao serviço da ética, porque está ao serviço do princípio que o ser humano é um fim em si próprio”.

“O meu desejo é que a inteligência artificial me traga um contributo significativo para o meu progresso enquanto ser humano, que me ajude a ser mais solidário, mais livre”, concluiu.