Sham e Amirah Aldagistani, duas irmãs sírias, terminaram recentemente um capítulo iniciado ainda na sua terra natal: o Mestrado Integrado em Medicina Dentária. A sua formação foi interrompida pela guerra, mas, graças a uma bolsa atribuída pela Universidade Católica Portuguesa, conseguiram retomar e concluir os estudos, na Faculdade de Medicina Dentária da UCP, em Viseu.
As futuras dentistas descrevem a passagem pelo Centro Regional de Viseu como “a coisa mais importante que aconteceu” nas suas vidas. “A mudança para Portugal foi uma experiência que me fez muito mais forte, mais confiante. Aprendi muito”, partilha Sham.
A aprendizagem fez-se com a superação de vários obstáculos, e uma forte rede de apoio. Só quando chegaram a Portugal é que tiveram o primeiro contacto com a língua portuguesa, algo que Sham confessa ter sido um “grande desafio”, que acabou por superar. “Ontem eu fiz a defesa da minha tese e não estava nervosa, porque depois do meu primeiro ano em Portugal, já nada é muito difícil.”
As pessoas que conheceram, os colegas, professores, e os funcionários da Faculdade de Medicina Dentária ajudaram as irmãs a ultrapassar as dificuldades de integração num país com “uma cultura muito diferente”. Sham e Amirah relembram com carinho o apoio da professora Filomena Capucho, responsável pelas relações internacionais. “Ajudou-nos bastante porque sabia as dificuldades que íamos ter, sabia que a nossa integração ia ser diferente dos alunos que vêm da Europa”, explica Sham.
A par de todos os que lhes estenderam a mão, Amirah acredita que ter a irmã por perto foi das coisas mais importantes desta experiência. Apesar de terem diferentes idades, ficaram na mesma turma. “Ajudou muito estarmos sempre juntas. Demos apoio uma à outra.”
Gratas pela oportunidade que a Universidade Católica lhes proporcionou, as irmãs veem a atribuição de bolsas de estudo a refugiados como “iniciativas muito importantes”. “Esta oportunidade não ajuda só uma pessoa. Ajuda muitas pessoas a sobreviver nas situações mais difíceis. Ajuda famílias e comunidades”, explica Sham.
Amirah e Sham esperam que o programa de bolsas possa abrir a porta a “refugiados que não tiveram a sorte de concluir os estudos” no seu país e, com isso, “melhorar o seu futuro.” Com esta experiência, levarão para sempre consigo uma parte de Portugal, e de Viseu, onde sonham ficar a exercer Medicina Dentária, e onde deixaram a sua marca na comunidade.
“Eu acho que os nossos colegas também aprenderam muita coisa com a nossa presença, foi uma riqueza para ambas as partes”, comentam as futuras médicas dentistas. Fãs de cozinha portuguesa, Amirah confessa que até já sabe “fazer polvo à lagareiro e bacalhau com natas”, pratos tipicamente lusos. “Agora, eu acho que sou uma mistura de cultura portuguesa e síria, é muito bonito.”