Ministra da Ciência pela primeira vez na Católica

Ministra da Ciência pela primeira vez na Católica

“Sou e sempre serei cientista.” Foi assim que Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, se dirigiu aos investigadores da Universidade Católica Portuguesa no IV Encontro CARE – Católica Research, esta quarta-feira, 22 de setembro, nesta que foi a primeira visita à UCP enquanto responsável governamental.

Nesta ocasião de reflexão e debate para cientistas de várias áreas, a ministra anunciou em primeira-mão que todos os investigadores que se tiverem candidatado a bolsas da European Research Council “que passaram à segunda fase, chegaram à entrevista e que não tiveram projeto financiado, vão ter de forma automática apoio financeiro da FCT.”

Um motivo de celebração para os presentes, que se reuniram na Sede da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, para discutir os desafios da inter e transdisciplinaridade na investigação, a igualdade de género na academia, e partilhar experiências com outras instituições.

Para Peter Hanenberg, Vice-Reitor da UCP para a Investigação e Inovação, “a ciência é ir mais além, é encontrar novos caminhos”. Já Isabel Capeloa Gil, Reitora da UCP, destacou a igualdade de género como “um tema central para o nosso envolvimento com a ciência”. Num cenário em que existem “47% de mulheres como investigadoras e professoras”, mas apenas “23% como líderes universitárias na Europa”, Isabel Capeloa Gil evidenciou que a igualdade de género “continua a ser relevante e muito importante para que a ciência e as instituições sejam mais competitivas”.

Gülsün Sağlamer, que foi a primeira e única mulher Reitora da Universidade Técnica de Istambul (1996-2004), e atual Presidente da European Women Rectors Association, defendeu que alcançar a igualdade de género, só será possível com três tipos de mudanças: “culturais, estruturais e também individuais”.

“É um dever para nós enquanto reitoras trazer este tema a debate, para sensibilizar e abrir as portas às gerações mais novas”, esclareceu, dando ainda ênfase ao papel que as lideranças podem ter no futuro de uma instituição.

Para Ana Costa Freitas, Presidente da Associação Portuguesa de Mulheres Cientistas (AMONET), que foi Reitora da Universidade de Évora (2014-2022), “as mulheres estão sub-representadas em posições de responsabilidade em todas as áreas, dos negócios, à política, à academia”. Explicou que “este não é apenas um problema para as mulheres, é um problema para a sociedade, um problema global” e que “temos de trabalhar juntos para alcançar este objetivo”.

Durante este evento, foram também apresentadas as conclusões de vários grupos de trabalho multidisciplinares – clusters – sobre “CARE for our Common Home” e “A Saúde no contexto das transformações digitais, ambientais e societais”, além da participação dos estudantes de Doutoramento e ensino pós-doutoral da UCP numa roundtable sobre interdisciplinaridade.

Como exemplo desta partilha entre áreas científicas, a Reitora da UCP destacou as cadeiras ODS, disciplinas opcionais de 1.º ciclo, dedicadas especificamente ao estudo e compreensão de vários Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas, que “podem inspirar os estudantes a pensar de maneira diferente”.

Já Paulo Dias, coordenador do Centro de Estudos Filosóficos e Humanísticos, destacou a nova Licenciatura em Ciência da Dados Aplicada, que pretende preparar alunos para a análise de dados, recorrendo à computação e matemática, para resolver problemas no âmbito das ciências sociais, humanas e do comportamento.

No painel de encerramento, Rui Vieira Castro, Reitor da Universidade do Minho, referiu a importância de “ultrapassar as barreiras das áreas científicas” para que “os diferentes campos trabalhem em conjunto em prol da sociedade”. Já Caren Norden, Diretora-Adjunta do Instituto Gulbenkian de Ciência, defendeu que oportunidades multidisciplinares contribuem para a criação de “ciência mais original”.